quarta-feira, abril 14, 2010

HOMEM MODERNO DO SÉCULO XXI

Homens Possíveis
Se alguém perguntasse qual é o perfil do homem moderno não haveria uma resposta só. Até porque o homem moderno não é um, são vários. O homem moderno é tão plural que resumir todos em um só seria injusto.
Nas próximas páginas apresentamos seis perfis de caras possíveis que passam aos montes nas ruas. Fique esperto, um deles pode ser você.

O descolado
Esse é aquele tipo que numa primeira impressão tem cara de quem passa o final de semana dormindo. E apesar dos olhos de sono é só fachada.
O nome dele é Wagner, mas só o reconhecem pelo sobrenome Dias. Profissão? Professor de geografia, lecionando em colegial e faculdade. Daqueles que dão aulas de manhã, tarde e noite. Mas isso é só parte de um estilo de vida em que variadas paixões se misturam. Além da geografia, fotografia, cerveja, motocicletas e viagens compões um dos professores mais atípicos que as salas de aula já viram. Se ele tivesse que se definir em uma só palavra não conseguiria. Prefere perguntar “O contrário de sossegado seria o quê?”.
É de se pensar como tantos gostos cabem na rotina de quem leciona. Principalmente o de viajar. É fácil. Dias aproveita as férias escolares de começo e meio de ano para as viagens mais longas. E as outras... “tem sempre um feriado, né?”.
Melhor ainda se for de moto. “A moto tem isso das pessoas acharem que é desconfortável, que é muito solitário. Não tem nada a ver! Quando você está de moto é muito mais fácil conhecer pessoas. Os outros (motociclistas) reparam em uma placa de um lugar diferente. Sem contar a adrenalina que o carro não proporciona.” Mesmo não participando de nenhum clube, Dias não troca sua Suzuki Boulevard M 800 por qualquer carrinho não. Opinião de quem já foi sobre duas rodas até Santa Catarina e ainda acha pouco. “Já me convidaram para ir à Terra do Fogo¹ (Ushuaia), não tive tempo ainda. Mas é um lugar que tenho muita vontade de conhecer”.
Sem a Suzuki já conheceu quase todos os países do Mercosul, Irlanda e vários países da União Européia. De cada um desses lugares traz, além de mapas, uma outra paixão muitas histórias que seriam trágicas se não fossem cômicas.
No Paraguai, por exemplo, quase perdeu o carro não fosse a alma boa de um molequinho de uns 10, 12 anos. “Eu fui conhecer as cataratas e aproveitei para fazer umas compras na fronteira. Resolvi atravessar a Ponte da Amizade de carro, mesmo sabendo que não é aconselhável. Eu tinha um guia que na volta cortou caminho por uma favela. Então eu disse que pagava depois que passássemos a ponte, justamente por causa do trajeto. Daí ele parou o carro, desceu e desapareceu. Fiquei perdido em uma favela paraguaia e a única coisa que me passava pela cabeça era que ele tinha colocado droga em algum lugar do carro. Se eu não fosse preso tentando atravessar a fronteira do outro lado alguém iria interceptar o carro. Foi um sufoco. Foi aí que esse menino apareceu e me levou até a fila da travessia. Procurei qualquer coisa que o guia pudesse ter deixado no carro e não encontrei nada. O menino ficou comigo até o sinal da travessia abrir. Lembro que antes de ir embora dei vinte contos e ele saiu pulando , parecia que tinha ganho na Mega Sena”.
Quando está viajando Dias sempre compra um mapa ou um atlas para aumentar a coleção que tem em casa. Além dos mapas comprados, também guarda tudo que possa interessar e auxiliar nas aulas. “ Esse aqui eu vou escanear, porque daqui alguns anos a construção dessa rodovia vai alterar completamente essa região”, explica mostrando um jornal dobrado ao lado de seu notebook.
E como todos esses assuntos se misturam em sua vida? Simples. Todas as experiências de viagem servem para compor aulas mais dinâmicas. Sempre que consegue Dias mostra fotos para os alunos. É uma maneira de deixar a aula mais interessante. Outra, são as piadas. Quando sobra espaço na aula começa o festival. Por via de regra as piadas tem de ser sem graça. Para os alunos se fosse outra pessoa contando não valeria à pena ouvir. E nesse ponto eles devem ter razão. Afinal fazer alguém rir com uma piada do tipo: ”Tinha um frango voando. – Mas frango não voa. – É que é frango à passarinho” não é para qualquer um.
Com tudo isso ele ainda consegue parar em casa. Lá u mapa mundi envelhecido enfeita a parede de sua sala. Se tem espaço para filhos? Agora não. Não é nenhum tipo de posicionamento radical também. Apenas não os teria porque perderia muito da sua liberdade para fazer as coisas que gosta. E para casamento? “É, eu tenho um relacionamento com cara de casamento.”
Sugestão de legenda: sala de aula, um dos lugares que se ganhasse na loteria deixaria por um ano ou dois.
OBS: a Sabóia disse que podemos destacar uma frase interessante, naqueles quadrinhos. Mas fica a critério de vcs. E tem um Box nesse perfil. É o texto que segue:
Destino: Fim do mundo
Ushuaia, a capital da província da Terra do Fogo tem o apelido de Fim do Mundo porque é a última cidade da América do Sul e também a que mais se aproxima do Polo Sul. As baixas temperaturas não espantam os turistas, atraídos tanto pela beleza natural quanto pelo roteiro gastronômico. Os pacotes turísticos variam de 48 à 500 dólares saindo de Porto Alegre. Mas para quem gosta de emoção, bom mesmo é ir de moto.
Foto: podemos usar qualquer foto de divulgação da cidade


O Gastrônomo
Um garoto que tem o pai médico e de vez em quando observava o avô cozinhar pode ser o que eu quando crescer? Chef de cozinha, claro. O que na França é motivo de orgulho para qualquer família, aqui não tem o mesmo impacto. Quando Henrique Gonçalves contou para o pai que queria gastronomia em vez de medicina a reação foi daquelas “Tá bom, né?” Lembra que se tivesse optado por medicina teria o apoio e ajuda de alguém que já tem anos de experiência. “Mas cozinhar é o que eu amo fazer”.
No Brasil, para o sujeito ser um bom gastrônomo tem que ser muito macho. Na Baixada santista, por exemplo, apenas 30% dos restaurantes têm chefs diplomados, segundo Henrique. Já os hotéis todos têm por determinação de uma lei. Preferem não contratar chefs formados por causa dos salário. Nas cozinhas profissionais existe uma hierarquia a ser escalada. Na base da pirâmide está o ajudante de cozinha que recebe de 600 à 800 reais e cujas funções são na maioria das vezes lavar pratos e limpar o chão. Em seguida há o segundo cozinheiro que recebe um pouco melhor e executa ordens do primeiro cozinheiro. Esse sim, é o sonho dos que se formam em gastronomia. Como primeiro cozinheiro o profissional tem liberdade para criar e é a autoridade máxima das panelas. O salário varia de 1.000 à 5.000 reais. São raros os profissionais que faturam mais que isso.
As cozinhas profissionais também não são tão glamorosas quanto as dos filmes. A temperatura média de uma é de 45ºC no verão ou no inverno. Além disso, é preciso muito braço, pois panelas com molhos ou carnes podem pesar até 40 quilos e precisam ser carregadas. Henrique conta tudo isso mostrando as cicatrizes que a profissão lhe talhou na mão.
Talvez seja por isso que homens representem a maioria esmagadora nas cozinhas do mundo. “As mulheres passam por variações de humor durante o mês que fazem com que elas mudem o tempero ou exagerem no sal. Sem contar que é uma profissão que exige muita dedicação. Não dá para passar muito tempo com filhos, por exemplo. As que conheci estudando queriam ser boleiras ou simplesmente gostavam de culinária como um hobbie e não profissão. Mesmo assim as poucas chefs que temos no Brasil são fantásticas”, explica.
Fantástica também é a disposição que Henrique mostra para cozinhar. “Hoje deixei o almoço pronto em casa”, ele é a prova de que também se come bem sem passar horas no fogão. O mito de que cozinheiros profissionais optam por um cardápio mais simples em casa, portanto, é verdade. Mas comida simples não precisa ser ruim. O almoço que o cara deixou pronto em casa foi lingüiça ao forno com batatas coradas.
E aquela história antiga de que homem que vai para o fogão não é macho está totalmente furada. “Só tem preconceito por parte de quem não é do ramo ou ignora completamente a culinária. As mulheres até gostam mais.”
Isso mesmo, se você ainda não aprendeu a cozinhar está perdendo tempo e oportunidades. Segundo Henrique é um truque que nunca falha. “Você prepara um jantarzinho, escolhe um bom vinho. Não tem mulher que resista”, diz em tom de brincadeira já que o namoro de mais de dois anos é compromisso sério. É verdade também que eles recebem muito mais cantadas quando as mulheres descobrem a profissão. “Eu vejo isso no cotidiano, comigo não porque sou comprometido”, desconversa.
A namorada, que faz Administração não troca seu chef por nenhum contador. “è claro que eu já o amava antes. Mas depois de todas as delícias que ele aprendeu o relacionamento ficou bem mais saboroso”, se derrete Karine.
Mulheres à parte Henrique que tem especialização em técnicas de cozinha internacional quer mesmo é ter seu bistrô algum dia. “Gosto do lugar onde trabalho, é organizado e tenho total liberdade para criar, mas nada como ter um negócio próprio”. No final das contas o que importa mesmo é ver o cliente satisfeito. “É a sensação de dever cumprido”.
O sorriso que Henrique tinha no rosto ao ver o cliente degustando um novo prato foi refletido no rosto do próprio segundos após engolir o primeiro pedaço. Era uma cena de filme. – Parece um filho que acabou de nascer, eu disse. – É literalmente isso, ele respondeu.
Sugestão de legenda: Trabalhando no Bar Bohemia Henrique teve a sorte de começar como Primeiro Cozinheiro.
BOX da matéria:
Testosterona e Sangue:
A parisiense Le Cordon Bleu é a escola de culinária mais antiga e prestigiada do mundo. E só passou a aceitar mulheres há cerca de 100 anos. Assim como o Guia Michelin, a Le Cordon Bleu avalia os estabelecimentos e pontua a qualidade do serviço, higiene e comida. Tudo deve estar impecável. Em 2003 o renomado chef francês Bernard Loiseau cometeu suicídio só pela ameaça de um crítico de tirar uma de suas estrelas. Entretanto a família alega que a morte foi acidental. O número limite de estrelas concedidas é cinco. E isso representa a perfeição do chef e de seu restaurante. No Brasil o chef mais estrelado é Alex Atala com três. Em janeiro o chef Marcelo Tully recebeu uma estrela do Guia Michelin por seu trabalho na Escócia.

A vida nada fácil e nada simples do DJ


A noite é cheia de fascínio, charme e luzes, mas complica os relacionamentos e cansa muito. Léo Cristo, 35 anos, não quer outra vida, por enquanto.

Sobe o som: Putz – Putz – Putz – Putz – Putz – Putz – Putz – Pu – Pu – Putz... Além do som, o ambiente é meio escuro, mas cheio de jogos de luzes de diversas cores, como verde, azul, vermelho. Quantos flashes! Ah! É aquela luz que fica piscando, que faz as coisas ficarem em câmera lenta. Tem muita gente agitando, sorrindo, curtindo a música. Vários são os drinks comprados com os barmen. É isso aí, tudo com muito movimento e agitação. Mas, quem dá o ritmo da balada é o DJ.
Um destes agitadores é Léo Cristo, que há 17 anos faz seus remixes pelas casas noturnas de Santos e São Vicente. Ele é apaixonado pelo que faz e, enquanto puder, deixa claro que não vai largar sua arte.
Quando questionado sobre mudar, ele é enfático:
“Léo, você trocaria seu trabalho na noite por um em escritório?”
“Não!”
“Mas, de jeito nenhum?”
“Cara – pondera –, teriam que me pagar muito bem”.
Ele sempre afirma que curte dar movimento às casas noturnas. Fala isso mesmo tendo sofrido alguns problemas pelo que escolheu fazer. E estes problemas não são apenas coisas do seu passado. Muitas das coisas ele ainda passa.
Até hoje, Léo não casou de papel passado, mas mora com a quarta mulher. Este fato se deve, em muito por causa de seu trabalho noturno. O DJ reconhece que, na noite, muitas são as propostas que o faziam dar uma esquecida de seus outros relacionamentos. A razão: muitas mulheres, de vários tipos, de várias idades, de muitos amores. Léo toca desde seus 18 anos, e isso lhe fazia imaturo, não medindo as consequências. Acredita que era “sossegado” – ou seja, não ficava procurando mulheres - naquela época recém saída da adolescência. Só que, ao ser procurado, não resistia.
Mesmo assim, apesar de saber que já aprontou, sempre que toca no assunto frisa que respeitava suas esposas. Para ele, o problema de seus relacionamentos era o ciúme descabido, que gerava brigas e conflitos. Ele chama o ciúme desta forma por causa da forma como se dava e ainda se dá no relacionamento atual.
“A gente brigava por causa de mensagens que eu recebia!”
“Que mensagens?”
“Mensagens como as do Orkut, sabe?”
“Sei...”
“Pocha, eu às vezes nem sabia quem era...”
“E aí?”
“Aí chegou num ponto que não dava para aguentar. A gente se separava.”
Isso aconteceu nos três casamentos anteriores e ainda tem influência neste quarto relacionamento. E hoje, Léo se diz “na dele”, não aprontando mais como antes. Mesmo assim, os desentendimentos por causa da noite continuam.
Só que nada disso atinge seu amor pelo que faz. Este amor começou aos seus 15 anos de idade. Foi quando entrou em uma boate pela primeira vez. Ele recorda que, ao entrar no lugar, ficou impressionado. Enquanto seus amigos passaram a noite com mulheres, ele ficou parado, no mesmo lugar desde a chegada no recinto, olhando para a atmosfera. As luzes, o som, o movimento, tudo chamava sua atenção. Até as cinco da manhã, hora em que saiu da sua primeira balada, ele só pensou uma coisa: “de qualquer jeito, eu preciso fazer parte disso.”
Três anos depois, levado por um amigo, começou a tocar e a mandar o som das caixas para a pista. Ele era um apaixonado que não ligava para os outros, só para fazer aquilo que tinha conseguido, que desejava tanto. Ele lembra que, no início dos anos 90, a profissão de DJ não era vista como ocorre hoje em dia. Atualmente, ele vê reconhecimento, mas, quando começou, a visão deste profissional era a de bandido, de vagabundo e de coisas do gênero. Essa ideia era tão forte que, por tocar na noite, sua mãe o expulsou de casa. Só que Léo não desistiu de tocar por causa da ameaça e execução da pena de sua mãe, pois continuou tocando e continua até hoje.
Léo ainda perde momentos de família por causa do seu amor pelo trabalho. Ele tem uma filha de 12 anos, fruto de um dos seus relacionamentos anteriores, que só vê o pai aos domingos. Ele gostaria de passar mais tempo com ela, mas precisa trabalhar. Ela não entendia muito bem o porquê de seu pai não estar tão perto, mesmo nos fins de semana, quando pode ficar com ela. Contudo, como já é “grandinha”, como seu pai diz, entende que é o trabalho de Léo e já lida com a situação bem.
Você já deve ter entendido o quanto o DJ gosta do que faz. Vendo seu rosto e gestos, fica muito mais claro. Quando fala do assunto, gesticula muito, arregala os olhos, enche o pulmão para falar. E sempre com carinho.
Só se irrita em um momento com a profissão, que é no momento da comparação dos tempos – quando começou e agora. Léo disse que algo importante se perdeu no tempo. No caso, a identidade do DJ. Ele lembra que, ao começar, o DJ era o DJ de determinada casa noturna. Não ficava trocando toda noite de lugar. “Se você fosse à Capital, você iria para ouvir o DJ Tal. Você sabia que ele estaria lá e só lá. Agora, isso não acontece! Muda de DJ toda hora”, reclama. Que fique claro: ele ressalta que se perdeu a identidade, porém “a grana” é maior. Ele gosta da valorização, mas acha que a identidade é algo que falta.
Os anos têm passado. Léo sabe que, com a idade chegando, não vai ficar muito tempo nesta vida. Ele trabalha de segunda à sexta, como operador de áudio, em horário comercial. De sexta à segunda, na noite. Atualmente, ele ainda aguenta, só que percebe, logo não dará mais.
Isso nos mostra que Léo sabe que não mais aquele garoto. Agora, rugas de expressão já se formam em torno de seus olhos, que já começam a ficar fundos. Sua barriguinha saliente já sente o peso de seus anos. Ela não sai com facilidade como aos seus 20 anos. Do alto de seus um metro e setenta centímetros, seu cabelo já apresenta o desenho das entradas em suas laterais. Apesar disso, de certas marcas de expressão de quem já se aproxima dos 40, quem o vê, pela primeira vez, não diz que tem 35. Seu jeito de agir e vestir ajuda no erro de percepção. Em seu dia-a-dia, ele anda de bermudão, camiseta de times de futebol e bonezinho. Tem um jeito meio “malandrinho” de falar e gesticular.
De qualquer modo, ele já não se considera tão novo para dois trabalhos, principalmente como DJ. Ele entende que seu corpo vai aguentar até certo ponto. Para ele, não parece ser tão fácil de afirmar isso, mas sabe que é fato e que não tem para onde correr.
Ele já pensa no futuro. Sabe que vai ter de dar um jeito de ganhar dinheiro, sem ser como DJ. Ele não quer sair, mas o tempo o fará sair de diante das caixas de som. Sobra-lhe esperar por aquele emprego de escritório que, espera, pague-lhe bem, ou seja, o suficiente.
Até lá, ele continuará fazendo o som subir. O Putz – Putz vai continuar na batida de Léo Cristo.

Michael Gil

A adega


Olho seu corpo nu, suado e adormecido na quase escuridão e penso que sempre achei estranha a predileção de alguns pais por este ou aquele filho. Acendo o abajur da mesinha de cabeceira e escuto o falso silêncio da casa adormecida. Papai e mamãe devem estar dormindo. Jamais suspeitariam que acabo de fazer amor pela primeira vez. É uma sensação estranha, mas não mais estranha do que a idéia de ter um filho preferido.
Foi assim: comecei a suspeitar por causa dos Natais. Adélia, minha irmã mais velha, parecia ganhar presentes mais significativos e mais caros, também. Eu sabia que era meu pai quem escolhia e comprava nossos presentes. Mamãe era submissa até nessas coisas. Mas, nunca imaginei o ponto em que tudo chegaria...
Ela geme em sonho e remexe o corpo, separando levemente as pernas. Vejo seu sexo ainda úmido. Meu pau revive, mas ignoro sua ditadura como um inconseqüente. Não sei se quero mais. Só sei que não me sinto diferente de antes. Não deixei de ser eu mesmo, nem vejo as coisas de outro modo. Agora, só não sou mais virgem. Para alguém com 15 anos que transou pela primeira vez com uma mulher de 19, posso dizer que tenho mais sorte do que a maioria dos garotos que conheço. Mas, no fundo, sinto que é como descobrir um vinho fantástico num boteco de quinta categoria e não dar a mínima...
A primeira vez que fui à adega foi porque Adélia me levou.
Papai havia herdado a casa, enorme para qualquer padrão: quatro quartos, duas salas, biblioteca, copa, cozinha, lavanderia e a adega, encravada na área externa entre o canil e o jardim fechado. Herdou, também, umas duzentas garrafas de vinho e dois barris que ninguém sabia o que continham. Sem contar as centenas de vidros vazios, garrafas, rolhas, tinas e várias coisas que, por falta de onde aportarem, permaneciam empoeiradas na escuridão mofada da adega, como embarcações que jamais voltariam a ver o mar.
Adélia disse que queria me mostrar uma coisa. Eu devia ter uns 11 anos, ela já ia fazer 15 e não tinha mais aquele ar de menina, mas ainda gostava de brincar comigo pela casa. “Você não imagina o que eu achei! Mas, não pode falar nada! Se papai descobrir, nós dois estamos ferrados!”, disse, me arrastando pela mão. Fui carregado com pressa pela escuridão até chegarmos a um átrio meio iluminado.
A luz, empoeirada feito tudo o mais, tentava entrar por alguma clarabóia encardida que se perdia no teto de carvão, mas havia o suficiente para mostrar uma cama de solteiro com roupas desalinhadas e várias revistas espalhadas em cima. “Olha só!”, disse Adélia, “Viu, não te falei?!” Fiquei sem entender, enquanto ela apontava a cama e as revistas e devo ter feito uma cara de quem realmente não viu nada de mais, já que Adélia me chacoalhou e quase gritou, enquanto agarrava uma revista: “Não tá vendo, bobo? Isso aqui deve ser do papai... Vê só essas revistas...” Foi aí que eu tive uma visão de tudo e, não sendo mais tão inocente, entendi o que ela queria dizer. As fotos coloridas quase pulavam das páginas em closes explícitos de cores pulsantes que me deixaram sem fôlego. Homens e mulheres enroscados em danças sexuais congeladas no tempo. Brilhos, pêlos, sulcos, pregas, saliva e êxtase.
Sentei na cama e comecei a folhear as revistas, esquecendo-me completamente de Adélia. Depois de ter devorado duas ou três revistas, ouvi a gargalhada. Ergui os olhos e Adélia me olhava de um jeito cínico e divertido. “Eis que surge o macho, afinal!”, disse e riu mais ainda. Olhei para baixo e percebi que uma ereção monstruosa esticava o tecido dos meus shorts quase a ponto de rasgá-lo. Tentei disfarçar, cobrindo o colo com uma revista e olhei constrangido para Adélia.
“Isso é normal, bobo! Deixa de besteira!”, falou, como se desprezasse o fato. “Ei! Quer ver uma coisa prá valer?!”, falou e rapidamente levantou a saia. Vi que estava sem calcinha e que seus pêlos eram abundantes e negros. Pareciam me chamar, senhores de engenho de olhos em seu escravo prostrado e vencido... Saí correndo da adega como se perseguido por um demônio, a gargalhada dela me seguindo como um eco sem direção. Me fechei no banheiro e, pela primeira vez, minha masturbação frenética produziu uma aguinha branca e viscosa, que ficou pendurada na cabeça do meu pau como um visgo. Achei que ia morrer de alguma doença ruim só por ter visto o sexo da minha irmã...
Apago a luz do abajur e vou fumar na varanda, vendo a noite se espalhando em silêncios acorrentados pelos becos e ruas. A cidade já não é mais a mesma... e nem eu. O corpo nu que ressona sobre a cama é a prova disso. Me vejo como um náufrago sem chance que vê se afastar o último barco no horizonte. Como cheguei a isto, nem eu sei. Sei que descobri tudo por acaso...
Era normal que, estando em casa, Adélia e papai não se largassem. Falavam sobre livros, cinema, ouviam música juntos... Eu e mamãe gravitávamos ao redor dos dois como estrelas menores diante de astros de primeira grandeza. Era quase constrangedor, às vezes, nas poucas ocasiões em que recebíamos visitas, a pouca atenção que ambos davam aos convidados, em relação ao tempo que consumiam entre eles. Ninguém achava nada de mais nisso. Acho que todos sabiam, desde que Adélia nascera, que meu pai amava-a mais do que tudo. Mas, o comportamento deles passou a me incomodar e, depois do incidente na adega, eu andava distante de Adélia. Ela fingia que não ligava, mas eu sentia que talvez temesse que eu dissesse alguma coisa a mamãe, sei lá. Nossa comunicação era restrita aos olhares e sorrisos.
Até que, numa noite em que papai e mamãe recebiam convidados para o jantar, tudo se esclareceu de maneira irremediável. Estávamos na ante-sala, onde os adultos degustavam petiscos e tomavam drinques. Papai anunciou que iria até a adega escolher uns vinhos para o jantar e saiu. Minutos depois, Adélia também sumira. Resolvi, não sei por que, ir atrás dela e, quase sem querer, fui parar na adega.
Estava mais escuro do que nunca, mas um tênue brilho vinha de algum lugar, assim como o som de gargalhadas. “Adélia”, pensei. Comecei a me esgueirar por entre as prateleiras carregadas de vinho. Cheguei ao átrio onde ficava a cama, ainda escondido atrás das garrafas e, o que vi entre cascos e rolhas me deixou sem ar. Adélia e papai estavam na cama, nus da cintura para baixo, e ela brincava com o pênis duro dele.
Daí foi o inevitável. A felação ardente, os palavrões entre os dentes, a penetração violenta e rápida. Os gemidos que pareciam ganhar corpo. Tudo não deve ter durado mais do que alguns minutos. Papai se limpou, se aprumou e, carregando duas garrafas de vinho, saiu da adega como se nada tivesse acontecido. Fiquei sem me mover, encarando o sexo vermelho e úmido de Adélia como se fosse um bicho pronto para atacar. Ela ficou deitada, com as pernas abertas e suspirando.
Comecei a sentir enjôo e resolvi sair dali, mas devo ter feito algum ruído, já que percebi o corpo de Adélia ficar rígido de repente. Saí da adega e voltei à ante-sala. Adélia apareceu alguns minutos depois, o rosto avermelhado. Sentou-se ao meu lado e mordiscou um salgadinho. Ao debruçar seu corpo sobre o meu, roçou os lábios em meu ouvido e sussurrou: “Fica sendo um segredo só nosso, hein?!”
 Virei o rosto, espantado. Ela sorria e me piscou um olho.
Também apanhei um salgadinho e cochichei em seu ouvido, como quem conta uma piada qualquer: “Ou dá prá mim também ou mamãe vai saber de tudo!”





André Rittes: é jornalista, escritor, professor universitário e autor do livro “Máquina de fazer doido”.

Televisão, cerveja e futebol?

Homer Simpson: pessoa rude, acima do peso, por vezes grosseiro e preguiçoso. Personagem de desenho animado, criado por Matt Groening, para Os Simpsons, uma série de televisão da FOX. Sua primeira aparição na TV ocorreu em 19 de abril de 1987.
Homem Moderno: pessoa sensata, procura sempre estar em forma, por vezes delicado e dedicado. Personalidade da vida real, criado no século 21, quando o grupo dos machões, bêbados, suados e rabugentos foi sendo eliminado a cada dia por diferentes tipos de cosméticos, estilo e desejo por si próprio. Parece estranho dizer dessa maneira, mas diferente do estilo Homem Homer Simpson, o Homem Moderno se deseja antes de qualquer coisa. Quer estar bem consigo mesmo. Aquela famosa história de auto-estima ao se olhar no espelho e dizer “Sim, você está com tudo em cima”. Egocêntrico o rapaz.
Homer Simpson ainda representa parte dos homens que vivem em sociedade. Mas se trata de uma espécie em extinção. Acordar aos domingos, abrir uma latinha de cerveja, apoiá-la na barriga em frente à televisão, a espera de um jogo de futebol e um churrasco que possa sujar bastante os dedos, para que sejam todos limpos na camisa após a refeição, seguido de um belo arroto. Homer Simpson é, cada vez mais, o homem do passado.
Homem Moderno não é mais um, mas sim, vários, por infecção, por hereditariedade, ninguém sabe, mas são, os homens modernos. Tão complexos, tão sensíveis, tão machões... Sim, homens modernos também são machões, apesar de disputarem com as mulheres uma boa aparência, um belo perfume e um diferente corte de cabelo. O Homem Moderno veio para revolucionar. É o homem prático, dos direitos iguais, o típico sonho das mulheres: sensível, bom pai, trabalhador, que cuida da casa e sempre está ali, para uma dica de maquiagem, vestiário e bons conselhos.
Homer Simpson é o homem do pouco importa. Careca, barrigudo, não liga em usar cueca beje e não se preocupa muito se esta peça íntima estiver mal colocada e mostrando partes que não devem, o famoso “cofre”. Para o Homem Moderno, isso pode ser considerado um crime. Se não há cabelo, remete-se a exames, cosméticos, sprays mágicos que fazem crescer pêlos capilares e até mesmo implantes. Ou então assumem a falta de cabelo com muito charme e elegância, e isso significa jamais usar uma cueca beje na vida! O Homem Moderno até deixa sua cueca aparecer, mas sempre na medida certa, e sem mostrar partes indevidas. Barriga, procura sempre manter em forma e, para alguns, sem pêlos. Academia, depilação, alimentação correta, cremes rejuvenescedores. Coisas das quais jamais passariam pela cabeça do oposto Homem Homer Simpson.
“Muito bem Cérebro, você não gosta de mim e eu não gosto de você. Mas vamos logo acabar com isso e eu vou poder voltar a matá-lo com cerveja.” Homer Simpson não aprecia bons livros, pouco se importa com a literatura, poesias e palavras doces, a não ser que este doce venha acompanhado de um filme tosco de comédia na TV e uma cervejinha pra acompanhar.
Homem moderno é decidido e não tem receio em ser designer de moda, não tem medo de ser engenheiro. Quando no máximo ocorre uma dúvida entre estes caminhos ele torna-se arquiteto. Não deixa os costumes dos seus ancestrais e enche a cara de cerveja, mas quando bêbado, não briga, não “arma o barraco”. Ou quando arma, pede desculpas.
Ele é o melhoramento da raça humana, não como os homens ou as mulheres, ele sabe guardar segredo, ele acorda e arruma a cama, faz café, e com muito prazer, após o banho lava sua cueca. Ele é emocional ao extremo, mas também é frio e calculista, ele veio pra nos derrubar, não tem aquela barriga saliente, não tem pelos por todo o corpo, ele é o sonho das mulheres, mas é o meu, o seu, o nosso pesadelo... Me acordemmm, o homem moderno está dominando o mundo!

Ivan de Stefano

ELES PERGUNTAM ELAS RESPONDEM


Qual a posição que mais faz a mulher ter prazer?

Muitos acreditam que sejam as posições que estimulem o clitóris, que é conhecido por dar o prazer feminino. Mais uma grande maioria das mulheres revela sentir um enorme prazer quando estão “de quatro” ou no tão conhecido “papai e mamãe”. Na verdade, a posição não é fator primordial para uma relação ser prazerosa, o sexo nada mais é do que uma entrega, então para que o sexo seja o mais prazeroso possível o recomendado é se entregar independente da posição escolhida.

O tamanho do pênis influencia no prazer?

A idéia do “quanto maior melhor” é mais ligada a auto-estima do homem do que ao prazer propriamente dito. O tamanho na verdade dá uma segurança masculina maior, e isso pode gerar um melhor desempenho, o que pode vir a causar mais prazer. Mas o tamanho muitas vezes não influencia fisicamente na relação sexual. Ele se torna, de fato, mais uma questão psicológica.

Quais os sinais de que uma mulher está atingindo o orgasmo?

Isso pode ser variável. Existem mulheres que tremem, que contraem o corpo todo, que riem, que gritam, que choram, que fazem tudo ao mesmo tempo, algumas ficam em silêncio num estado de profundo relaxamento. Cada mulher tem sua forma de sentir e a cada reação sexual pode surgir um reação diferente.

É possível saber se uma mulher está fingindo ter um orgasmo?

Há quem diga que é impossível saber que um orgasmo está sendo fingindo. Mais é só prestar atenção em alguns sinais dados. O orgasmo muda a respiração, acelera o coração, causa uma transpiração no corpo todo e no auge dele o corpo fica rígido e relaxa logo em seguida. Gritos podem ser dados, mais essas sensações são impossíveis de imitar.

O ponto G existe?

Geralmente todas as mulheres, acreditam que existe um ponto G. Pode ser que muitas não tenham se beneficiado dos prazeres que ele proporciona na hora da relação, mas indiscutivelmente existe no corpo feminino uma zona erógena que causa alto nível de excitação sexual e orgasmos intensos. Porém nem todos os cientistas acreditam no ponto G.

Transar menstruada. Sim ou não?

Essa é uma questão complicada. Algumas mulheres não se importam com o fato de estarem menstruadas, porém outras sentem um total desconforto. Não só pelo sangue em si, mas também pelo fato de que o corpo da mulher no período menstrual acaba ficando mais sensível e dolorido. Muitos homens também não acham ideal a prática de sexo durante a menstruação. Sendo assim um caso que deve ser discutido pelo casal.

Quais as fantasias sexuais mais comuns das mulheres?

Toda mulher tem uma lista de fantasias em suas cabeças. Não adianta bater a mão, o pé ou o que for e falar que é mentira porque não é. Mas o que acontece é que a maioria de nós reprimimos as nossas vontades, então as fantasias ficam guardadas e muitas de nós nem sabemos ao certo qual é a nossa fantasia sexual ou as nossas fantasias sexuais por reprimi-las tanto. Entre as mais votadas no ranking do Clube da Luluzinha está sexo com estranhos e sexo por dinheiro.

Mulheres se masturbam tanto quanto os homens?

Acreditem, algumas mulheres se masturbam tanto ou mais que os homens. O problema é que a masturbação feminina sempre foi encarada como algo “estranho” aos olhos da sociedade, enquanto a masturbação masculina era digna de conversas de almoço de domingo. Com isso se criou um preconceito em cima de uma prática super prazerosa e que faz tão bem as mulheres, principalmente por apontar a elas pontos que mais tarde podem ser explorados por seus parceiros.

É verdade que as mulheres gostam menos de sexo oral do que os homens?

Essa é uma questão que recebe influência de preconceito. Mulheres gostam tanto quanto de sexo oral. Assim como os homens elas sentem uma sensação de prazer imensa quando estimuladas oralmente em suas genitálias. O que pode acontecer é a mulher criar uma barreira, seja por falta de intimidade suficiente com o parceiro, por vergonha do corpo ou por um preconceito que ela mesma cria em relação ao sexo oral. O ideal é se permitir experimentar sensações, caso não seja confortável, converse com o parceiro e procure outros métodos de inovar no sexo.

Por que a maioria das mulheres é contra transar com dois homens ao mesmo tempo?

Para o sexo feminino geralmente o sexo tem um sentido mais sentimental do que para o homem. O sexo com dois homens envolve um misto de curiosidade e desejo pelo “proibido”, o que se torna uma fantasia sexual não muito comum entre a maioria das mulheres. Claro que como em todos os casos há mulheres que topariam na hora transar com dois caras ao mesmo tempo e achariam ótimo. Já outras delas achariam o fim do planeta terra pensar em cogitar da possibilidade. O importante é sempre se respeitar acima de tudo e fazer o que for bom para o próprio bem-estar.
Existe uma fantasia de transar com mulheres?
Pode ser que exista, mas rara seriam as mulheres heterosexuais que confirmariam essa fantasia.

Por que recusa em fazer sexo oral no homem?

Mais uma questão que envolve certo preconceito. Na visão de algumas mulheres o sexo oral praticado nos homens só é realizado por prostitutas e mulheres fáceis. Não é nem uma questão de repulsa, se torna-se mais uma questão de bloqueio.
Por que a maioria das mulheres se recusam a fazer sexo anal?
Porque a maioria das mulheres foi criada com a idéia de que só gays fazem sexo anal. Mas na verdade a prática do sexo anal é só mais um modo de procurar um prazer na vida sexual. É uma prática sexual que exige um cuidado maior de ambas as partes, mas que pode também ser muito aproveitada, se for uma idéia conversada e amadurecida pelo casal.

Letícia Schumann

Eles também são amigos do fogão!


É almoço de domingo, são quase três horas da tarde e nada está pronto. Uma cena bastante comum nos finais de semana na casa da família Moreno. Os filhos famintos perguntando a toda instante: “Já está pronto? Estou com fome!”. A mulher da casa apressa o marido, que há mais de três horas não sai da cozinha! Sim, ele está cozinhando.
Quando um homem decide entrar em uma cozinha, prepare-se, pois será elaborado um prato com a maior dedicação e sofisticação possível. O sexo masculino deixa para trás toda sua objetividade usada na vida real e mergulha em um momento único, cheio de manias e requintes. Quando eles decidem cozinhar, se preocupam com os mínimos detalhes, procuram os melhores ingredientes, investem nos importados e adoram inovar e incrementar receitas.
“Gosto de experimentar coisas novas, principalmente massas. Sou apaixonado pela cozinha italiana e geralmente fico horas na cozinha”, diz o empresário Gileno Moreno, que revela adorar cozinhar para a família aos finais de semana.
Moreno contou que a vida agitada durante a semana faz com que seus almoços sejam sempre rápidos e na maioria das vezes, em restaurantes. Nunca consegue comer o que gosta com calma e com a qualidade devida. Por isso, aos finais de semana, ele investe em almoços de família. “Aos domingos sempre almoçamos juntos e faço questão de cozinhar algo bem caprichado para compensar a semana corrida que todos têm”, diz.
Há aqueles ainda que gostam tanto de cozinhar, que levam essa arte como profissão. Estudam e trabalham com a culinária. É o caso de Luiz Felipe Silva. Atualmente ele cursa gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi em SP e se diz muito satisfeito com a escolha. “Não tenho ideia da idade em que comecei a me interessar por culinária, só sei que quando era pequeno ficava na cozinha perguntando o tempo todo como eram preparadas as refeições e queria sempre ajudar”, diz o estudante.
Luiz Felipe decidiu que iria fazer gastronomia aos 13 anos, foi quando ele começou a estudar e pesquisar sobre o assunto. Ele chegou a trabalhar na cozinha de um hotel de graça por dois meses, em Guarujá (SP). Anos seguintes, conseguiu um emprego em uma cozinha de pizzaria e depois passou para uma churrascaria. “No começo foi complicado, os funcionários tinham preconceito comigo, pois acreditavam que por eu ter estudo e um estilo de vida melhor que o deles eu não deveria estar ali. Chegaram até a questionar sobre quem eu estava provocando da minha família por estar trabalhando em uma cozinha de restaurante!”, diz Silva.

Atualmente Luiz estagia no “Brasil a gosto”, restaurante conceituado em São Paulo. “O “Brasil a gosto” trabalha com cozinha contemporânea brasileira, fazia tempo que eu queria entrar lá, daí me indicaram e eu entrei”, afirma o estagiário.

Apesar de ser super eficiente quando cozinha para os outros, o curioso é que o aprendiz a chefe não se alimenta muito bem quando tem que cozinhar para ele próprio. “Falam que eu como mal quando tenho que fazer comida para mim. Às vezes não tenho vontade de cozinhar em casa, mas preciso. Mas, em compensação, todo final de ano, por exemplo, sou eu quem faço o cardápio de Natal e Ano Novo em casa. Preparo tudo, faço lista de compras, vou atrás dos melhores ingredientes. Acho que quando se cozinha para alguém, tem que ter uma dose de exibicionismo, você está querendo agradar”, conta.

Outro homem admirador da culinária é o jovem chef de cozinha Henrique Leoni Gonçalves. Formado em gastronomia pela Unisantos, Henrique se diz satisfeito com a profissão. “Foi o que eu sempre quis, dei a sorte de ser chef logo no começo da minha carreira. Tenho total liberdade pra criar pratos, inovar, tentar novos temperos. Não tenho o que reclamar” diz.

60% dos compradores de livros de luxo de gastronomia são homens, assim como 60% dos alunos de culinária chique são do sexo masculino, segundo dados da Escola de Culinária Wilma Kövesi, de São Paulo. Henrique comentou sobre o fato de os homens serem a maioria na cozinha profissional. “Existem alguns motivos para isso. Essa profissão exige muita dedicação e concentração. Trabalhamos com a cozinha sempre em uma média de 45°C. Carregamos muito peso. Às vezes uma panela com um molho ou uma carne pode pesar até 30, 40 quilos. Não é fácil. Sem contar o tanto de cicatrizes que ganhamos. Outro motivo é que as mulheres não se concentram tão fácil como os homens. Quando elas estão naqueles dias podem exagerar no sal, mudar um tempero. Acontece porque elas ficam mais sensíveis. E, além disso, você passa muito tempo da sua vida na cozinha. Não dá pra dedicar tanto tempo aos filhos por exemplo. Mas as poucas chefs que temos no Brasil são fantásticas”, opina.

Questionado sobre quem cozinhará quando ele se casar, Henrique diz o que qualquer mulher gostaria de escutar. “Quando eu casar, será muito provável que eu cozinhe. Pois minha namorada vai trabalhar durante o dia e eu durante a noite. O almoço sempre vai acabar sobrando pra mim. Mas não acho ruim. Eu gosto. No dia-a-dia serão pratos simples, mas em ocasiões especiais sempre vou caprichar”.

A presença dos homens na cozinha é um fenômeno que não para de crescer no Brasil. Foi-se o tempo em que homem cozinhando era alvo de preconceito ou motivo de vergonha. “O preconceito que existe é sempre por parte de quem não é do ramo ou não tem a mínima idéia de cozinha. É mais um medo por parte de homens que ignoram a gastronomia. Já com as mulheres não tem nada disso. É até um atrativo. Um jeito diferente de conquistar. Não há mulher que resista a um bom jantar, com vinho certo”, revela o chef.

No final as mulheres agradecem de pés juntos! Pois, que mulher não gostaria de ter um chef de cozinha como companheiro?!

Algumas dicas de receitas simples e rápidas:

Papelote de filé-de- peixe com legumes por Luiz Felipe Silva

Ingredientes: filé-de peixe, sal, pimenta, legumes em tiras (à escolha), azeite.
Modo-de-preparo: Após temperar o peixe e cozinhar os legumes em água fervente, embrulhar o peixe junto com os legumes em papel alumínio. Levar ao forno (180 C) por aproximadamente 15 minutos. Se quiser incrementar a receita, acrescente molho shoyo ou de ostra, cogumelos e alho poró.

Bolinho de atum por Henrique Leoni Gonçalves

Ingredientes: ½ unidade de pão francês, 2 dentes de alho, 1 lata de atum, quanto baste de farinha de rosca, 1 colher de sopa de extrato de tomate, ½ unidade de limão, quanto baste de sal, quanto baste de açafrão, quanto baste de óleo de soja.
Modo de preparo: Deixe de molho o pão em água. Esprema bem e misture com os outros ingredientes, amassando bem, juntando um pouco de farinha de rosca até ficar uma massa firme. Faça as bolinhas do tamanho que preferir e frite. Na mesma frigideira, coloque o extrato de tomates, sal, limão e um pouco de água. Acrescente as bolinhas fritas e deixe ferver por 10 minutos.

Macarrão a Putanesca por Gileno Moreno

Ingredientes: 1 pacote de macarrão (espaguete ou talharim), azeitonas a gosto, alcaparras a gosto, bacon fatiado a gosto, 1 dente de alho picado e 1 cebola pequena picada, molho de tomate ( de preferência tomate pelado picado), 1 tablete de caldo de carne ou galinha, 1 colher de ketchup, uma pitada açúcar, manjericão e sal a gosto.
Modo de preparo: Ferva bastante água e um fio de azeite, quando a água estiver fervida coloque o macarrão e deixe-o cozinhar até ficar al dente ( não muito mole). Enquanto o macarrão cozinha, numa frigideira com azeite, doure o alho e a cebola, em seguida doure por dois minutos o bacon fatiado. Acrescente o restante dos ingredientes e deixe ferver. Quando o molho criar consistência cremosa está pronto. É só espalhar sobre o macarrão e servir.

Drinks por Henrique Gonçalves

Sex on the beach
Ingredientes: 1 dose de vodka gelada, ½ dose de licor de pêssego, 1 dose de suco de laranja, 7 gotas de xarope de groselha para decorar, 2 pedras de gelo moído.
Modo de preparo: Misturar as três primeiras bebidas em uma coqueteleira. Colocar em um copo e adicionar um pouco de groselha.

The tropical Drink
Ingredientes: 2 doses de rum, 1 dose de rum carta ouro, 1 dose de Curaçao blue, 1 dose de xarope de amêndoas, 1 dose de suco de limão.
Modo de preparo: Prepare um estilo long drink, enchendo-o até a metade com gelo picado. Coloque os ingredientes na ordem em que aparecem. Complete com mais gelo picado e mexa suavemente. Decore com uma rodela de limão, meia lua de manga ou uma rodela de kiwi.

Mojito
Ingredientes: 10 folhas de hortelã, 1 colher de sobremesa de açúcar, ¼ xícara de chá de rum, 3 pedras de gelo, quanto baste de club-soda.

Modo de preparo: Macerar a hortelã com o açúcar. Adicionar o suco de limão, o rum e o gelo. Completar com o club-soda. Decore com uma rodela de limão e folhas de hortelã.

Glenda Poletto

Editorial

Nem másculo, nem sensível, apenas moderno

Hoje, o homem é diferente daquele padrão antigo, quadrado, às vezes meio bruto. O ser masculino passou a ser mais saudável, mais vaidoso, mas sensível e companheiro das mulheres. Entretanto, isso não o torna menos homem. Também não quer dizer que tenha perdido sua identidade de caçador, de protetor, competitivo.
O que ocorre é que existem vários tipos de homens neste século 21. De um lado, continuamos vendo, pelas ruas, aqueles que são mais brutos, sem os costumes do uso do creme facial, da academia e do perfume. De muitos, a gente passa longe, pois se esquecem de usar um bom desodorante. Enfim, não ligam muito para a aparência.
Por outro lado, temos várias categorias modernas de homens. Aqueles que são mais baladeiros – ou garotões, se preferirem –, por exemplo, são os mesmos de sempre, nunca mudam, mesmo que a idade esteja chegando. Há também o metrosexual, que faz as unhas, cuida da pele, da estética e da boa forma. Estes têm um jeito todo especial de se vestir, mas não são estas coisas que os tornam menos ou mais homens do que o resto. Existe ainda o cara que se vira sozinho. Chega perto dos quarenta, solteiro, às vezes pai, cuidando da casa e trabalhando.
Esta edição da A Revista H vai mostrar alguns exemplos de homens de homens modernos, que juntaram o antigo com o novo, evoluindo seu ser para ser mais completo.
São apaixonados por esportes radicais, como veremos em uma matéria participativa da repórter Mariana Beda, que vai trazer as emoções de saltar de pára-pente. Todo homem curte carros, portanto, não poderia faltar, no primeiro número da revista, quase que um paralelo: homens e carros com design modernos.
É claro que o desejo pelas mulheres e por sexo não poderia ser deixado de lado. Uma entrevista descontraída, fita por Letícia Schumman, vai colocar o sexo frágil na parede, respondendo perguntas que os homens queriam fazer às mulheres.
Os homens agregaram valores ao seu instinto masculino, aos seus hormônios e desejos. O homem do século 21 não é menos másculo, apenas é cuidadoso com seu corpo, mas sem perder sua essência. Eles não deixaram de ver o futebol de domingo, de lavar o carro pela manhã, nem de falar de mulheres.
Existem homens que gostam de muito comer, mas com dificuldade de usar o fogão. Pensando nisso, a H traz auxilia seus leitores a ter o que comer sem que eles passem apuros. Glenda Poletto, em uma matéria de culinária, mostra o que fazer na cozinha, espaço às vezes pouco conhecido do sexo masculino.
E quanto aos direitos da família? Todos podem ser beneficiados e ganhar batalhas jurídicas. A advogada cível Mônica Lanigra Ferraz, conta em entrevista, os direitos que todos têm, mesmo sem os conhecer.
Homem também é cultura. Gosta de música, agito e noite. Mas, nem todos curtem o som. Alguns dão o tom das festas. É o que pode ser visto no perfil de um DJ, que passou apuros para tocar nas baladas e que praticamente não pensa em largar as casas noturnas, mesmo tendo rompido três relacionamentos por acusa das noitadas de trabalho.
Enfim, a Revista H busca fazer conhecer o homem moderno, que não mudou, só melhorou e evoluiu. As mulheres agradecem.
Michael Gil
Editor-chefe da Revista H

terça-feira, abril 13, 2010

Quanto mais baixo, melhor!


Carros rebaixados fazem sucesso nas ruas e competições.

De acordo com o dicionário Aurélio, o verbo rebaixar tem alguns significados como depreciar, humilhar, menoscabar. Mas nenhum desses sinônimos representa o sentimento de quem rebaixa seu carro.
Pelo menos não é o que sente Rogério Meira Mendes, vencedor na categoria de carros rebaixados - com molas - Aro 17, no último dia 21 de março, em um campeonato promovido pela AlexCar Eventos, em Guarujá. Orgulhoso de ter um “rebaixado”, o auxiliar técnico de Engenharia Eletrônica apresenta seu verdadeiro troféu: Um Opel Calibra 1994.
O vencedor da categoria Volkswagen – suspensão a ar – Aro 15 - foi Fernando Maeda, proprietário de uma Quantum 1996. O comerciante está com o carro há três anos e ganhou os 16 campeonatos dos quais participou
A competição, realizada no estacionamento do ginásio Guaibê, foi organizada por Alexandre Gardelli – também conhecido como Alex – que é funileiro e organizador de eventos automotivos.
No campeonato, são entendidos como rebaixados os veículos que possuam qualquer tipo de alteração em sua altura, modificando suas características originais. Os critérios de avaliação envolvem a suspensão (todas as marcas e modelos), rodas esportivas ou originais e nos pneus é exigida calibragem mínima de 22 libras.
A prova é simples, feita no asfalto mesmo, de preferência em estacionamentos ou ruas fechadas, para não atrapalhar o trânsito. Para ganhar, basta ter o carro mais baixo, mas é claro, respeitando o regulamento. Por exemplo, os carros devem estar com a mesma altura tanto na frente como na traseira, o porta-malas não pode ter nenhum peso extra, e as medições são feitas sempre com o mesmo tipo de paquímetro.
Alex conta que em seus campeonatos há diversas modalidades de competição. Passando por som, tunnings e rebaixados.
Apesar da legislação só aprovar as suspensões fixas, os carros preparados para campeonato podem aderir a outros tipos de suspensão. Numa competição, cada rebaixado é avaliado com critérios específicos, de acordo com modelo, rodas, suspensões e nacionalidade.
Mas para andar nas ruas, a coisa é um pouco diferente. Lombadas, buracos, quebra-molas, asfalto irregular. Esses são só alguns dos desafios que um proprietário de carro rebaixado tem que enfrentar diariamente. Quem escolhe andar com o carro um pouco mais baixo que o normal sabe que alguns cuidados devem ser tomados, mesmo que o passeio seja curto.
O Auxiliar Administrativo, Rafael Martins, foi um dos muitos que optou por andar com o carro “raspando no chão”. Ele conta que desde pequeno tinha contato com os rebaixados, por causa de seu irmão mais velho. “Meu irmão, Vítor, sempre andou de carro rebaixado e turbo. É uma paixão nossa”.
Dois motivos levaram Rafael a rebaixar seu Volkswagen Voyage 1989: a estética e o desempenho esportivo. Para ele, as diferenças entre um carro “baixo” e um “alto” são muitas, desde a aparência até a dirigibilidade. “Para mim, o carro fica muito mais bonito, e dirigir fica muito melhor. Além do carro ficar mais estável eu gosto da adrenalina quando corro com ele”.
Com a ajuda de profissionais, Rafael rebaixou seu Voyage utilizando suspensão fixa preparada e rodas aro 14. E ele confessa: “Ser parado pela polícia já virou rotina”. Isso porque não há legalização para todos os tipos de rebaixamento.
Em 2008, entrou em vigor a Resolução 262 do Código de Trânsito Brasileiro que diz: “Art. 6º: Na modificação de suspensão não será permitida a utilização de sistemas de suspensão com regulagem de altura.
Parágrafo único: Para os veículos que tiverem sua suspensão modificada, deve-se fazer constar no campo das observações do Certificado de Registro de Veículo – CRV e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo – CRLV a nova altura do veículo medida verticalmente do solo ao ponto do farol baixo (original) do veículo.
O limite máximo de rebaixamento são 48 cm a partir da linha de baixo do farol. Isto é, tomando com referência o farol do carro, mede-se 48 centímetros até o chão.
Rafael já teve o carro apreendido duas vezes por não estar com a suspensão devidamente documentada, chegando até a perder sua Carteira Nacional de Habilitação. O estudante teve de pagar multa para recuperar o carro e seus documentos, além de fazer a regularização do CRLV.
O mecânico com certificação internacional em suspensão, Roberto Lopes, explica algumas dessas diferenças: “Um veículo rebaixado tem uma estabilidade melhor em curvas, por ter o centro de gravidade mais próximo ao chão. Seu desempenho aerodinâmico, em altas velocidades, também é melhor”.
Mas antes de ir correndo rebaixar o seu, preste muita atenção em alguns detalhes. São vários os métodos de se rebaixar um carro, porém alguns são mais seguros e recomendados. A suspensão fixa preparada conserva as características da original e é a única autorizada pela Lei.
Porém, mesmo não sendo autorizadas pelo Código, muitos recorrem às suspensões reguláveis, como o sistema de rosca, pneumático (conhecido como a ar), hidráulico e até elétrico. Mas além da fiscalização, o proprietário que optar por esses sistemas pode encontrar algumas dificuldades. Lopes explica que, profissionalmente, indica as suspensões fixas, pois já presenciou vários acidentes causados pela má utilização ou instalação das suspensões de tipo regulável.
Outro cuidado importante é realizar o processo com um profissional, não adianta querer gastar pouco porque o barato pode sair caro. O veículo nunca deve ser rebaixado por amadores, sem um padrão de qualidade e segurança. A manipulação da suspensão feita por amadores pode causar acidentes, causados pela mudança repentina da geometria da suspensão, como a cambagem e o alinhamento, essenciais para o bom desempenho do veículo e boa dirigibilidade.
O projeto deve ser apropriado para cada tipo de carro, para não comprometer de forma grave a estrutura, como trincas na longarina (componente do chassis onde é fixada a suspensão), torções no chassis, desgaste rápido e irregular dos pneus e até mesmo dificuldade na frenagem, principalmente se houver ondulações no chão.
Rafael conta que sua paixão é considerada loucura por seus pais, já que ele gasta todo seu tempo e dinheiro no carro, às vezes deixando até a família de lado para ficar cuidando de seu Voyage. “Meus pais acham que eu sou maluco, mas é minha paixão, o que me faz feliz”.
A preocupação da família de Rafael é justificável, já que, incluindo as variações por uso específico da suspensão – elas podem ser para uso comum ou competição- rebaixar um carro pode custar de R$ 500,00 a mais de R$10.000.
Se você já gastou rebaixando o carro e agora está preocupado em revendê-lo ou levantá-lo fique tranqüilo. O carro pode ser levantado, porém, às vezes, ele deve passar por um processo reconstrutivo, dependendo do grau da modificação, isto é, se para essa mudança foi necessária alguma alteração estrutural. Na maioria das vezes, isto não é necessário, já que a transformação é feita na própria suspensão, o que torna a troca por uma original mais fácil.
No caso da revenda, tudo depende do comprador. Se ele gostar, pode até pagar como acessório, caso contrário pode se tornar um problema, aí lá vamos nós levantar tudo outra vez.
Mas para andar tranqüilo “raspando o chão”, não se esqueça de verificar sempre as condições da sua suspensão, principalmente se ela for pneumática ou hidráulica – sistemas onde pode haver vazamentos ou ressecamento. Nas suspensões fixas ou à rosca, os cuidados são os mesmos da suspensão original, como ficar atento às molas e amortecedores. Além de ter consciência que um carro rebaixado não é o mais apropriado para fazer trilha.
Em alguns casos, não é necessário alterar nada no carro para que ele seja baixo, alguns modelos já saem da fábrica com uma altura menor, em relação a outros carros,são os chamados esportivos. Entre eles: os modelos da Ferrari, Lamborghini, e o Golf GTi europeu, da marca Volkswagen.
A vantagem encontrada em carros “baixos de fábrica” é que o projeto é realizado por profissionais e com garantia de segurança, já que a suspensão é o que sustenta o carro, amortecendo todos os impactos.
Mas lembre-se! Quando o carro é comprado zero, e ainda está na garantia, é bom não fazer qualquer alteração, pois há o risco de perder a garantia e ter de pagar caro se algo der errado.

Manuela Tavares

Parapente


Me senti como parte da natureza, o cenário era lindo e o barulho do vento era bem forte. Tudo perfeito. Havia mais três aventureiros voando pelo céu comigo na mesma hora e isso deixava a paisagem ainda mais linda.
Falar sobre a sensação que senti em estar no céu é quase impossível, o nervosismo e adrenalina é tanta que mal você consegue definir esse sentimento. Isso só quem voar, vai entender do que estou falando.
Essa minha aventura durou cerca de 15 minutos. É o instrutor que controla toda a decolagem, o passeio,e até o paraquedas, por garantia.

Na primeira tentativa não deu certo, e isso me deixou ainda mais nervosa. Corri para o final do morro e tive que voltar, pois o vento não estava ideal na hora de decolar.
Meu coração batia tão forte que achei que ele iria sair pela boca. Era isso que eu pensava o tempo todo. Quando Carlinhos Tuchai, meu instrutor disse para eu correr mais uma vez e voar, foi simplesmente a maior adrenalina da minha vida. Eu estava realmente voando, não é como de avião, acreditem, é muito diferente!

Na hora de aterrissar uma outra surpresa, o vento não estava tão bom e caímos sentados no chão, sendo que o ideal é estar em pé na hora da aterrissagem. Apesar de todo meu nervosismo e de me sentir um pouco tonta durante o voo foi uma experiência maravilhosa e única.

Eu o conheci no morro do Voturuá em São Vicente. Praticante do esporte há 18 anos, Carlinhos me convidou a fazer um vôo duplo de paraglider com ele, não pensei duas vezes, vou ter que saltar. Em menos de 5 minutos eu estava com todo o equipamento no corpo pronta para decolar.

Carlinhos me contou quais são os equipamentos necessários para praticar o esporte. São: selet, o paraquedas reserva, um par de mosquetão, e o velame. E essa aventura não fica barato não, o custo todo fica por volta de R$ 8.500.

Ele disse também que essa paixão pelo esporte começou por ele se sentir muito livre, e desde então isso tornou-se um vicio. Sua primeira experiência foi em um vôo que durou 40 minutos, e depois disso nunca mais parou de voar.
Assim eu anoto minha primeira aventura, e olhe que agora quero colecionar.

A História

A história está relacionada à conquista do espaço. Os primeiros modelos de parapente foram feitos especialmente para espaçonaves. Foi o norte-americano, David Barish que se dedicou a criar um novo paráquedas destinado ao projeto Apolo, da NASA.

Em 1973, David escreveu o primeiro manual de paragliding, mostrando o esporte com uma variante do voo livre. Esse manual viria a ser o guia para o parapente atual.
Atualmente, mais de 100 mil pessoas praticam o esporte em todo o mundo.

Parapente no Brasil

No Brasil, o primeiro voo de Paraglider que se tem registro aconteceu em 1988, no Rio de Janeiro, onde dois suíços decolaram da rampa da Pedra Bonita que já era utilizada por praticantes de asa-delta.
Hoje, o Brasil ocupa atualmente a 7ª colocação do ranking mundial em prática do esporte.

Dicas para praticar parapente

Existem escolas especializadas em parapente oferecendo toda infra-estrutura necessária para quem quer se iniciar no esporte. Além do curso preparatório que é obrigatório, você tem acesso aos equipamentos.


Equipamentos do Parapente

Velame - a maior parte do equipamento. É dividido em três partes: vela, linha e tirantes.
Selete - funciona como um casulo, e é onde o atleta fica durante todo o voo.
Acoplado ao selete fica o paraquedas, que se utiliza para casos de emergência.

Mariana Beda

Corpo liso


Encarar um tratamento estético pode não parecer algo tão simples para alguns tipos de homens. Pensando neste assunto resolvi topar o desafio e falar aos meus amigos homens qual a sensação que tive ao passar por uma sessão de depilação.
Peguei o telefone e liguei para o centro estético onde minha mãe faz as unhas e cuida dos cabelos. Uma moça muito educada me atendeu, porém o telefone estava com o volume muito baixo e ela quase não me ouvia. Perguntou o que eu queria e eu respondi que gostaria de saber se elas faziam depilação masculina, mas antes da resposta eu rapidamente acrescentei:
“Quero depilar as minhas costas”.
Fiquei com medo e vergonha que ela pensasse que fosse em outras regiões. “Na hora senti meu rosto queimando”.
Como disse anteriormente, o telefone dela, estava com o volume muito baixo e eu tive que repetir várias vezes e em tom bem alto que eu queria me depilar. Depois da conversa ao telefone, todos de casa já sabiam da história e minha mãe, lá da cozinha, dava gargalhadas de mim.
Durante o dia tentei ficar calmo, conversei com alguns colegas de faculdade e todos me apoiaram, contudo, disseram que eu sentiria um pouco de dor.
O dia da depilação chegou, não fui ao trabalho porque pedi ao chefe uma folga para poder fazer uma matéria para a faculdade. De certa forma eu não menti, porém não disse que a matéria era sobre depilação masculina e muito menos, que eu seria o depilado.
Pedi para duas amigas do meu grupo, que fossem comigo para tirar as fotos e darem uma “forcinha” caso eu precisasse.
Marquei com a Letícia Schumman e com a Mariana Beda, às 14:00 horas no canal 4, um local estratégico e fácil para os três.
Chovia muito nesse dia e ventava também. Saímos do canal 4, sentido à avenida: Pedro Lessa, onde se localizava o centro estético.
Andamos alguns quarteirões na chuva e logo a Beda perguntou:
- Ainda está longe? Eu respondi:
- Faltam algumas quadras.
Paramos em um posto de gasolina até a chuva diminuir, ficamos uns dez minutos parados até tomarmos coragem novamente.
Quando voltamos tive uma idéia, lembrei de ter visto um salão de cabeleireiro antes do local que minha mãe costumava ir e esse lugar estava bem mais próximo, cerca de umas duas quadras.
Fomos até esse outro salão, parei na porta, tomei coragem e entrei. Dentro haviam algumas pessoas, umas seis ou sete e todas olharam pra mim. Tinha uma moça fazendo as unhas do pé e outras sentadas esperando.
Fui até a manicure e perguntei se elas depilavam, ela respondeu que sim, chamei as duas amigas para entrar e falei que elas faziam. Antes de ir para a tal sala, perguntei à mulher qual o valor da depilação, ela respondeu que cobrava R$50,00, achei caro e fui comentar com as meninas, afinal o dinheiro não era meu e sim do grupo todo.
A moça, percebendo a situação, me chamou e pediu para que eu levantasse a camiseta e mostrasse as costas. Na frente de todos, eu fiz o que ela pediu, logo ela constatou que eu tinha poucos pêlos e resolveu cobrar R$25,00, daí aceitei e fui para a sala dos fundos com mais três mulheres.
Passamos por um pequeno corredor e logo entramos em uma sala pequena. No canto, havia uma maca, que em poucos minutos iria se tornar meu local de tortura.
Tirei a camiseta e deitei, tentando não ficar nervoso.
A mulher passou a mão nas minhas costas como se estivesse reconhecendo o local de trabalho. Disse que a cera roll-on havia acabado e que iria usar a cera quente feita com mel. Como não manjava de nada, acabei concordando.
Ela mergulhou uma espécie de espátula dentro do pote onde ficava a cera e, em seguida, espalhou em uma parte logo abaixo da minha nuca.
Confesso que a temperatura não era agradável, mas dava para suportar. Passado aproximadamente um minuto, ela puxava a ponta da cera que parecia ter grudado na minha alma e depois de descolar uma parte, ela puxava de uma vez.
Na hora que ela puxou, eu fiquei sem voz, queria gritar mas, não conseguia. As três se divertiam com a minha cara. Mariana Beda, frenética, aproveitava a minha cara de dor e tirava várias fotos. Letícia, um pouco mais tranquila, sentada ao canto, apenas ria da situação.
Durante toda a depilação da parte superior das costas, a dor foi mais forte, talvez pelo fato de ser a primeira e nos outros locais eu já estava “anestesiado”.
Após terminar embaixo da nuca, a depiladora foi para a parte do meio, mais ou menos onde estão localizados os rins. Nesse local, foi mais brando, todavia, eu rezava, mordia o dedo e pedia à Deus para que tudo aquilo acabasse logo.
Beda e Letícia, querendo me “acalmar”, diziam que depilar a virilha era muito pior. Que as mulheres sofrem o dobro e que quando não sai com a cera, vai com a pinça mesmo, catando fio por fio.
Na hora, pensei que isso deveria ser muito dolorido mesmo, mas ainda assim, as minhas costas falavam mais alto. Como tenho a pele muito clara, após cada região depilada, ficava avermelhada, como se estivesse ficado horas no sol sem protetor solar.
A cada puxão eu sentia menos dor e, quando doía, era só na hora. Depois, o local ficava apenas dolorido. E assim foi, desde abaixo da nuca até acima do cócix.
Beda tirou aproximadamente umas cinquenta fotos, mãos no rosto, rosto virado para esquerda, para direita, enfim, mas a fisionomia não ajudou muita coisa.
Enquanto eu sofria, elas batiam o maior papo, descontraídas e falando sobre virilha, axila, sobrancelha, perna, meia perna, depilação total, depilação parcial, em vários momentos achei que estivesse em outro planeta. Literalmente me senti no planeta dos macacos por ter pêlos, coisa que para as mulheres, parece estar muito bem resolvido. Com elas os pêlos tem os dias contados, marcados com antecedência e tudo mais.
Quando estava quase no final, ela passou um óleo nas minhas costas para tirar os restos de cera que ficaram grudados. Com uma pinça, ela ainda tirou alguns pêlos perdidos.
Acabado o processo, a esteticista comentou que tem um cliente que trabalha na polícia militar e que o rapaz depila as costas pelo fato de usar a farda. Segundo ele, os pêlos ajudam a provocar alguns odores desagradáveis, o suor escorre pelo corpo com maior dificuldade; retirando os milhares de fios das costas, o problema é amenizado.
Quanto a mim, a questão do odor nunca foi um problema, mas a estética sim. Passando por essa experiência percebi que a pele, depois de depilada, fica mais macia e bonita, como se tivesse sido renovada.
O único problema após a depilação, é o sol. É preciso evitar uns dois dias após depilado e piscina também, por causa dos produtos químicos presentes na água.
Passados esses dias e tomado as devidas precauções, você poderá tirar a camiseta perto das pessoas e ser comparado a um rapaz jovem, com a pele nova e não a um nojento urso preto.
O processo de depilação é um pouco dolorido, entretanto, vale a pena. Os pêlos são adaptações que os seres humanos obtiveram após anos morando em ambientes frios. Os pêlos nada mais são do que uma proteção contra o frio, quando você está com frio e passa por um arrepio, os pêlos ficam todos eriçados (em pé), para que embaixo deles possa entrar ar, que nada mais é do que um isolante térmico.
Os pêlos possuem sua importância nas nossas vidas, mas hoje, não somos mais tão primitivos, temos agasalhos, moletons, uma gama de acessórios que funcionam como “pêlos” e nos protegem contra o frio. Sendo assim, os pêlos não tem mais tanta utilidade, podendo ser retirados ou não, dependendo da vontade de cada rapaz.
Quanto às mulheres, percebi entre o papo das meninas, que elas aprovam essa nova idéia dos homens. Muitas têm amigos que já aderem a essa prática e nada interfere na masculinidade.
Chegando em casa, tomei um banho, esfreguei minhas costas e depois de me secar, olhei no espelho e fiquei pasmo:
- “Parecia que tinha outras costas, muito mais nova, muito maior e pra ser sincero, mais bonita de olhar”. Portanto, vale a pena sim depilar! A dor é momentânea, e o resultado dura umas duas semanas. Experimenta!

Leandro Aiello