terça-feira, abril 13, 2010
Corpo liso
Encarar um tratamento estético pode não parecer algo tão simples para alguns tipos de homens. Pensando neste assunto resolvi topar o desafio e falar aos meus amigos homens qual a sensação que tive ao passar por uma sessão de depilação.
Peguei o telefone e liguei para o centro estético onde minha mãe faz as unhas e cuida dos cabelos. Uma moça muito educada me atendeu, porém o telefone estava com o volume muito baixo e ela quase não me ouvia. Perguntou o que eu queria e eu respondi que gostaria de saber se elas faziam depilação masculina, mas antes da resposta eu rapidamente acrescentei:
“Quero depilar as minhas costas”.
Fiquei com medo e vergonha que ela pensasse que fosse em outras regiões. “Na hora senti meu rosto queimando”.
Como disse anteriormente, o telefone dela, estava com o volume muito baixo e eu tive que repetir várias vezes e em tom bem alto que eu queria me depilar. Depois da conversa ao telefone, todos de casa já sabiam da história e minha mãe, lá da cozinha, dava gargalhadas de mim.
Durante o dia tentei ficar calmo, conversei com alguns colegas de faculdade e todos me apoiaram, contudo, disseram que eu sentiria um pouco de dor.
O dia da depilação chegou, não fui ao trabalho porque pedi ao chefe uma folga para poder fazer uma matéria para a faculdade. De certa forma eu não menti, porém não disse que a matéria era sobre depilação masculina e muito menos, que eu seria o depilado.
Pedi para duas amigas do meu grupo, que fossem comigo para tirar as fotos e darem uma “forcinha” caso eu precisasse.
Marquei com a Letícia Schumman e com a Mariana Beda, às 14:00 horas no canal 4, um local estratégico e fácil para os três.
Chovia muito nesse dia e ventava também. Saímos do canal 4, sentido à avenida: Pedro Lessa, onde se localizava o centro estético.
Andamos alguns quarteirões na chuva e logo a Beda perguntou:
- Ainda está longe? Eu respondi:
- Faltam algumas quadras.
Paramos em um posto de gasolina até a chuva diminuir, ficamos uns dez minutos parados até tomarmos coragem novamente.
Quando voltamos tive uma idéia, lembrei de ter visto um salão de cabeleireiro antes do local que minha mãe costumava ir e esse lugar estava bem mais próximo, cerca de umas duas quadras.
Fomos até esse outro salão, parei na porta, tomei coragem e entrei. Dentro haviam algumas pessoas, umas seis ou sete e todas olharam pra mim. Tinha uma moça fazendo as unhas do pé e outras sentadas esperando.
Fui até a manicure e perguntei se elas depilavam, ela respondeu que sim, chamei as duas amigas para entrar e falei que elas faziam. Antes de ir para a tal sala, perguntei à mulher qual o valor da depilação, ela respondeu que cobrava R$50,00, achei caro e fui comentar com as meninas, afinal o dinheiro não era meu e sim do grupo todo.
A moça, percebendo a situação, me chamou e pediu para que eu levantasse a camiseta e mostrasse as costas. Na frente de todos, eu fiz o que ela pediu, logo ela constatou que eu tinha poucos pêlos e resolveu cobrar R$25,00, daí aceitei e fui para a sala dos fundos com mais três mulheres.
Passamos por um pequeno corredor e logo entramos em uma sala pequena. No canto, havia uma maca, que em poucos minutos iria se tornar meu local de tortura.
Tirei a camiseta e deitei, tentando não ficar nervoso.
A mulher passou a mão nas minhas costas como se estivesse reconhecendo o local de trabalho. Disse que a cera roll-on havia acabado e que iria usar a cera quente feita com mel. Como não manjava de nada, acabei concordando.
Ela mergulhou uma espécie de espátula dentro do pote onde ficava a cera e, em seguida, espalhou em uma parte logo abaixo da minha nuca.
Confesso que a temperatura não era agradável, mas dava para suportar. Passado aproximadamente um minuto, ela puxava a ponta da cera que parecia ter grudado na minha alma e depois de descolar uma parte, ela puxava de uma vez.
Na hora que ela puxou, eu fiquei sem voz, queria gritar mas, não conseguia. As três se divertiam com a minha cara. Mariana Beda, frenética, aproveitava a minha cara de dor e tirava várias fotos. Letícia, um pouco mais tranquila, sentada ao canto, apenas ria da situação.
Durante toda a depilação da parte superior das costas, a dor foi mais forte, talvez pelo fato de ser a primeira e nos outros locais eu já estava “anestesiado”.
Após terminar embaixo da nuca, a depiladora foi para a parte do meio, mais ou menos onde estão localizados os rins. Nesse local, foi mais brando, todavia, eu rezava, mordia o dedo e pedia à Deus para que tudo aquilo acabasse logo.
Beda e Letícia, querendo me “acalmar”, diziam que depilar a virilha era muito pior. Que as mulheres sofrem o dobro e que quando não sai com a cera, vai com a pinça mesmo, catando fio por fio.
Na hora, pensei que isso deveria ser muito dolorido mesmo, mas ainda assim, as minhas costas falavam mais alto. Como tenho a pele muito clara, após cada região depilada, ficava avermelhada, como se estivesse ficado horas no sol sem protetor solar.
A cada puxão eu sentia menos dor e, quando doía, era só na hora. Depois, o local ficava apenas dolorido. E assim foi, desde abaixo da nuca até acima do cócix.
Beda tirou aproximadamente umas cinquenta fotos, mãos no rosto, rosto virado para esquerda, para direita, enfim, mas a fisionomia não ajudou muita coisa.
Enquanto eu sofria, elas batiam o maior papo, descontraídas e falando sobre virilha, axila, sobrancelha, perna, meia perna, depilação total, depilação parcial, em vários momentos achei que estivesse em outro planeta. Literalmente me senti no planeta dos macacos por ter pêlos, coisa que para as mulheres, parece estar muito bem resolvido. Com elas os pêlos tem os dias contados, marcados com antecedência e tudo mais.
Quando estava quase no final, ela passou um óleo nas minhas costas para tirar os restos de cera que ficaram grudados. Com uma pinça, ela ainda tirou alguns pêlos perdidos.
Acabado o processo, a esteticista comentou que tem um cliente que trabalha na polícia militar e que o rapaz depila as costas pelo fato de usar a farda. Segundo ele, os pêlos ajudam a provocar alguns odores desagradáveis, o suor escorre pelo corpo com maior dificuldade; retirando os milhares de fios das costas, o problema é amenizado.
Quanto a mim, a questão do odor nunca foi um problema, mas a estética sim. Passando por essa experiência percebi que a pele, depois de depilada, fica mais macia e bonita, como se tivesse sido renovada.
O único problema após a depilação, é o sol. É preciso evitar uns dois dias após depilado e piscina também, por causa dos produtos químicos presentes na água.
Passados esses dias e tomado as devidas precauções, você poderá tirar a camiseta perto das pessoas e ser comparado a um rapaz jovem, com a pele nova e não a um nojento urso preto.
O processo de depilação é um pouco dolorido, entretanto, vale a pena. Os pêlos são adaptações que os seres humanos obtiveram após anos morando em ambientes frios. Os pêlos nada mais são do que uma proteção contra o frio, quando você está com frio e passa por um arrepio, os pêlos ficam todos eriçados (em pé), para que embaixo deles possa entrar ar, que nada mais é do que um isolante térmico.
Os pêlos possuem sua importância nas nossas vidas, mas hoje, não somos mais tão primitivos, temos agasalhos, moletons, uma gama de acessórios que funcionam como “pêlos” e nos protegem contra o frio. Sendo assim, os pêlos não tem mais tanta utilidade, podendo ser retirados ou não, dependendo da vontade de cada rapaz.
Quanto às mulheres, percebi entre o papo das meninas, que elas aprovam essa nova idéia dos homens. Muitas têm amigos que já aderem a essa prática e nada interfere na masculinidade.
Chegando em casa, tomei um banho, esfreguei minhas costas e depois de me secar, olhei no espelho e fiquei pasmo:
- “Parecia que tinha outras costas, muito mais nova, muito maior e pra ser sincero, mais bonita de olhar”. Portanto, vale a pena sim depilar! A dor é momentânea, e o resultado dura umas duas semanas. Experimenta!
Leandro Aiello
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